Nas últimas semanas fui acometida por inúmeras dúvidas e medos. E fiquei pensando sobre como isso é constante na minha vida. Parece que estou sempre revezando dias muito otimistas com outros em que me flagro derrotada, sem saber ao certo em que batalha me meti. Acho que isso faz parte da forma como experimento a vida, assim como outras coisas que tenho descoberto.
Há algum tempo, anotei coisas sobre as quais eu poderia escrever por aqui. Entre elas, havia uma anotação sobre sentir que não tenho grandes referências. Lembro do contexto dessa anotação ainda agora. Havia acabado de ler uma das edições da newsletter da Laura Cohen, o número exato não recordo, mas foi um texto em que ela citou, brevemente, uma obra que seria uma das suas preferidas da vida. O fato me marcou o suficiente para que eu abrisse outra página no computador e registrasse a anotação acima.
Além das referências, existem outras ferramentas para artistas e escritores com as quais me sinto em falta. A principal delas é o caderninho. Não sei quantas vezes já li escritores, artistas e até gurus da organização reafirmando que é essencial ter um caderninho a mão para anotar ideias, insights ou o que vier. Tenho um caderninho estratégico na minha escrivaninha e experimentei deixar outro em uma bolsa, mas a verdade é que eles só foram usados quando precisei de algo para anotar a receita de um vídeo.
Sou desertora das agendas, planners e cadernos. Nômade do Google Keep, Evernote ou Notion. Colecionadora de canetas inteiras e cadernos cheios de folhas em branco. Tento manter registros organizados, nem que seja digitalmente, mas meu cérebro não colabora nem um pouquinho. Claro, eu ainda poderia testar muitos métodos de organização e aprender a técnica da tomada de notas, não estou sugerindo que isto é impossível de mudar. Mas o simples fato de eu me ressentir da relação com os cadernos, me deu um estalo.
Afinal, falar sobre as referências que não tenho estabelecidas ou sobre as folhas que deixei em branco acaba no mesmo. Estou sempre em falta. Experimento muitos dias como se estivesse em uma competição e tenho sempre a sensação de estar deixando algo para trás. De não fazer como deveria ser feito. De ter muitas pendências.
Muitas vezes, mesmo o que faço não é suficiente. Não fico tão feliz pelas conquistas quando conheço a fundo as carências do processo. Enquanto escrevo isso, admito quão cruel é essa programação do meu cérebro. Não quero me conformar a ela. Ultimamente, o que mais me irrita é não conseguir vibrar com as possibilidades à frente.
E o que há de tão ruim em errar? Nas poucas viagens internacionais que fiz, acho que não houve uma em que não me perdi. Tenho uma história que parece aterrorizante para quem me ouve sobre ficar perdida por horas, mas também lembro com muito carinho de me perder diariamente na companhia de Ashley, na primeira viagem que fiz. Para mim, errar o caminho é quase parte obrigatória da experiência de estar em solo estrangeiro. E eu só me perco quando me lanço sem receio, quando estou inteira me permitindo descobrir.
Queria trazer um pouco disso para o meu dia a dia, para os meus trabalhos de pesquisa e escrita. Acolher melhor meus caminhos e, principalmente, meus atrasos.
Preciso agradecer novamente aos novos assinantes gratuitos e pagos! Fui pega de surpresa com novas assinaturas pagas e sinto que preciso explicar meus planos para a newsletter. Ao contrário de escritores que fazem um plano de negócio (muito legítimo) a partir da newsletter, não tenho esse intuito. O que isso quer dizer? Que, por ora, não há previsão de conteúdo extra para assinantes pagos e que todos recebem a newsletter quinzenalmente, feita com todo carinho. Mas espero que você, que optou por colaborar com a news, não se sinta triste por isso. Os assinantes pagos garantem acesso vitalício ao arquivo de (À) Vontade, além de contribuir para que o conteúdo continue sendo produzido com vontade! Enfim, muito obrigada a todos que me ajudam a construir este espaço que amo.
Vícios dos últimos dias
Lançamentos e pré-vendas: o livro da minha professora na pós, a Andressa Tabaczinski, Boas meninas se afogam em silêncio, está sendo lançado pela Rocco. Vai ser minha próxima leitura! Há tempos quero ler essa obra da Andressa, que havia sido publicada anteriormente como Crisálida. Eu amei o novo título e fico feliz demais com relançamentos de livros nacionais. Só pode ser bom sinal, né? Por falar em ótimos sinais, a Vanessa Barbara não apenas retomou a publicação de A Hortaliça, como está com livro em pré-venda e lançamento marcado para maio. Três camadas de noite é um romance de não ficção e só por isso já estou morrendo de curiosidade. A coisa da ficção, não ficção e autoficção tem aparecido muito nas aulas e conversas. E a Vanessa Barbara com certeza vai ser uma boa autora para se estudar e pensar nessas fronteiras. Isso tudo para dizer que, quando o cartão virar, estará entre as minhas compras.
Para ser bem sincera, os vícios dos meus últimos dias têm sido compras e cafés. Na mesma pegada de pensar que não sou uma escritora de caderninhos, às vezes fico me perguntando qual meu processo de escrita e se eu poderia incluir o tempo que passo no
aliexpressnisso. A verdade é que existe um encantador mundo de coadores e itens de baristas neste e-commerce. Caso mercúrio não estivesse retrógrado, eu poderia contar para vocês sobre meu novo coador origami, porém, ele chegou em pedaços (a jarrinha de vidro se salvou, mas o tamanho estava errado). Resta aguardar a próxima entrega. Enquanto isso, faço uma pergunta sincera: alguém quer que eu compartilhe uma lista de desejos das coisas que me fazem ficar obcecada? Vi isso em algum perfil do Instagram e me perguntei se não seria uma forma de transformar esse vício em algo mais.Nunca é tarde para lembrar que a primeira reunião do Clube de Literatura Erótica está chegando! Eba! Nós vamos discutir O Presidente Pornô, da Bruna Kalil Othero, na próxima semana e todos vocês estão convidados. Vai rolar uma enquete no grupo amanhã para fechar a data e o horário, então, caso queira participar, não deixe de entrar no grupo do Whatsapp onde vamos combinar tudo e passar o link da reunião, ok? Não há regras para participar, além do bom senso, e não é preciso ter lido o livro. Ou seja, por favor, venham!
Hoje acordei cedo e não consegui voltar a dormir. Antes de dar play na última temporada de Mr. Robot, resolvi mexer em mais uma coisinha na carta que tinha agendado pra hoje (incluí o library haul que publiquei no insta) e assim que me dei por satisfeito e fechei o Substack recebi notificação de newsletter tua. Que felicidade.
Tenho pensado muito na questão dos caderninhos. Estou reformando o escritório e joguei muitas coisas fora, mas de minha coleção de cadernos e bloquinhos não consegui me desfazer: lacrados, usados, novinhos e acabadinhos. Talvez venda alguns pra levantar uma grana, mas pretendo usá-los, tô me habituando a sair pros cantos com meu único moleskine original. Só esqueço a caneta às vezes.
Fiquei feliz em saber dos assinantes e curioso a respeito da lista de desejos, desde já digo sim a ela.
Um xêro!